/* ]]> */

O que são as Síndromes Mielodisplásicas?

As síndromes mielodisplásicas (SMD) são um grupo de doenças nas quais a produção de células sanguíneas pela medula óssea é deficiente. É um tipo de câncer hematológico e às vezes pode ser referido como insuficiência da medula óssea. A medula óssea é um tecido localizado dentro de alguns de nossos ossos. Ela é considerada a “fábrica” onde as células do sangue são produzidas. E é nessa fábrica que reside o problema.

De uma forma simplificada, a medula óssea produz três tipos principais de células sanguíneas:

1. Glóbulos vermelhos (hemácias) que transportam oxigênio pelo corpo;

2. Glóbulos brancos (leucócitos) que combatem infecções; e

3. Plaquetas que previnem sangramento.

Hematopoese normal.

O QUE CAUSA AS SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS?

Nas SMDs, a medula óssea geralmente é mais ativa do que o normal, No entanto, as células sanguíneas que ela produz não são saudáveis (nos referimos a isso com o termo “displásico”) e não funcionam tão bem quanto deveriam. Muitas dessas células sofrem um processo chamado apoptose, que ocasiona a “morte” das células antes de atingir a corrente sanguínea ou logo depois. Isso resulta na redução do número de células na corrente sanguínea.

Essa redução das células no sangue periférico é chamada de “citopenia”. Alguns pacientes têm apenas um tipo de célula sanguínea baixa. Por exemplo, a diminuição de glóbulos vermelhos ocasiona anemia. A diminuição de neutrófilos provoca neutropenia, associada à suscetibilidade a infecções. Ao passo que a diminuição do número de plaquetas ocasiona plaquetopenia, associada a facilidade de sangramento. No entanto, às vezes a SMD pode causar uma redução em todos os tipos de células sanguíneas. Quando isso ocorre, é chamada de “pancitopenia”.

Fisiopatologia das Síndromes Mielodisplásicas
Fisiopatologia das Síndromes Mielodisplásicas. As células-tronco hematopoéticas sofrem uma série de alterações genéticas e epigenéticas que levam a uma produção clonal e defeituosa das células sanguíneas. Durante a diferenciação celular, as células sanguíneas sofrem um processo de morte celular (apoptose) que resulta na sua diminuição no sangue periférico (citopenias).

AS SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS PODEM EVOLUIR PARA LEUCEMIA AGUDA?

Além das baixas contagens sanguíneas, as síndromes mielodisplásicas compartilham uma tendência comum de evoluir para leucemia mieloide aguda (LMA) ao longo do tempo. Nas SMDs, a medula óssea tem acúmulo de uma série de células anormais imaturas, chamadas de blastos. Em alguns pacientes com SMD, o número de blastos aumenta com o tempo. A LMA é definida como a presença de mais de 20% de blastos no sangue periférico ou na medula óssea. O risco de evolução para LMA depende do subtipo de SMD, mas alguns pacientes podem nunca progredir para LMA.

Transformação leucêmica das síndromes mielodisplásicas
Transformação leucêmica das síndromes mielodisplásicas. Durante a evolução da doença, as células-tronco mutadas que originaram a SMD passam a sofrer mutações adicionais. Com o passar do tempo, as células-tronco perdem a capacidade de se diferenciar em células maduras, resultando num aumento de células imaturas (blastos) na medula óssea. Quando o número de blastos corresponde a mais de 20% do total de células da medula óssea ou sangue periférico, dizemos que a doença evoluiu para uma leucemia mieloide aguda.

AS SMDs SÃO UM TIPO DE CÂNCER?

As SMDs são uma forma de câncer da medula óssea, embora sua progressão para leucemia nem sempre ocorra. Elas estão incluídas na Classificação da Organização Mundial de Saúde para os Tumores Hematopoéticos e Linfoides (2017).

Embora a antiga Classificação Internacional de Doenças (CID-10) identificasse as SMDs como neoplasias de comportamento incerto ou desconhecido (CID D46), recentemente a nova classificação (CID-11) reconheceu as síndromes mielodisplásicas como uma neoplasia maligna dos tecidos hematopoético e linfoide. A CID-11 entrou em vigor a partir de janeiro de 2022. Contudo, a nova classificação ainda não é uma realidade no Brasil. O Ministério da Saúde declarou que já está trabalhando na tradução da CID-11. A versão oficial em português deve estar pronta e revisada em dezembro de 2022. A previsão do Ministério da Saúde é que o uso da CID-11 pelos profissionais de saúde no Brasil ocorra a partir de janeiro de 2025.

Classificação CID-11 das Síndromes Mielodisplásicas

2A30 – Anemia Refratária 

2A31 – Neutropenia Refratária   

2A32 – Trombocitopenia Refratária

2A33 – Anemia Refratária com sideroblastos em anel

2A34 – Citopenia Refratária com displasia multilinhagem

2A35 – Anemia Refratária com Excesso de Blastos

2A36 – Síndrome Mielodisplásica com del(5q) isolada

2A37 – Síndrome Mielodisplásica, inclassificável

2A38 – Citopenia Refratária da Infância

2A3Y – Outras Síndromes Mielodisplásicas, especificadas

2A3Z – Síndromes Mielodisplásicas, não especificadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *